sábado, 16 de agosto de 2008

Sieyès e a contemporaneidade dos anseios populares

A França no século XVIII tinha cerca de 25 000 000 de habitantes, 400 000 eram clérigos e nobres e os outros 24 600 000 formavam o Terceiro Estado, o povão. Efetivamente, eles que faziam a maquina girar. Ainda mais pelo fato de que apenas o Terceiro Estado pagava impostos, enquanto a nobreza e o clero desfrutavam de seus privilégios. Cansados de serem explorados, decidem contratar um filósofo para entoar o canto pela igualdade, esse filósofo era Emmanuel Seiyès. Em 1788 Sieyès publica uma brochura onde, como representante do Terceiro Estado, reivindica direitos iguais para todos os cidadãos franceses, inclusive quanto ao pagamento de impostos, esta brochura foi intitulada Qu’est-ce que le Tiers État? O livro se baseia em três perguntas chaves: O que é o Terceiro Estado? O que tem sido ele, até agora, na ordem política? e o que ele quer ser? Na primeira pergunta responde que o Terceiro Estado é tudo, na segunda responde que nada tem sido feito e na terceira diz que o Terceiro Estado quer ser alguma coisa.

Apesar do livro ter mais de 200 anos e expressar os anseios de uma classe daquela época, pode-se ver nele as mesmas angústias das classes menos favorecidas de hoje e também os privilégios de alguns poucos. Vejamos, por exemplo, que no Brasil até a Constituição de 1988, parlamentares e juízes não pagavam imposto de renda e em alguns Estados promotores também não. Foi necessário que se promulgasse uma Constituição para estabelecer a noção de franternidade, de que todos tem que contribuir para a formação da res pública.


Trecho curioso:

“Além disso, o povo se habituou a separar em suas conversas o monarca dos mentores do poder. Sempre viu o rei como um homem tão seguramente enganado e indefeso no meio de uma corte ativa e todo-poderosa que nunca pensou em atribuir-lhe todo o mal que é feito em seu nome.”

Conclui-se de o Lula fosse governante da França naquela época também seria inocentado pelo povo, afinal o mensalão é do coisa do Zé Dirceu e do Genoíno, o Lula coitado "não sabia de nada".

A lei era vista como forma de domínio sobre os mais fracos, ainda mais porque na França os juízes eram do Ancien Régime. Visão parecida tem-se hoje quando dizem que a lei foi feita para os três P's. Ou como aquele velho ditado: "a lei é como uma serpente, só pica os pés descalços".

por Es.






2 comentários:

Anônimo disse...

[referente a última parte do texto] O povo brasileiro tem o Lula como "um cara do povo". Como se ele ainda comece pf e trabalhasse de metalúrgico. Infelizmente nosso país não tem uma boa educação, então temos que nos contentar com tais governantes. Eleições municipais agora e veremos as mesmas coisas... ganha quem fizer a melhor propaganda...

-rp

Anônimo disse...

Só que ao contrário da França da Revolução, hoje em dia o terceiro estado não engloba mais buguesia e plebe, aí vc acha que a "plebe" sozinha iria fazer alguma reivindição?? Hoje as classes seriam melhor divididas em: 1º elite burguesa; 2º diretia política; 2/5º quase terceira, esquerda; 3º estudantes de humanas com um desejo frustrado de revolução mas que não vinga devido ao fato de seus pseudo-intelectos não serem confluentes e acharem que são melhores que de seus próprios colegas (sentimento característico desta fase) e o resto, que sequer poderia ser classificado como um "estado"...de repente um munícipio quem sabe..haha...os explorados de hoje não tem autonomia, intelecto, gana, sagacidade e nem fome e pobreza o bastante pra reagir, pois as "bolsas" do governo aquietam os mais exaltados, não é..
P.s: argumento sem fundamento é lixo; opinião todos temos. A velha rebeldia contra o social-populismo, é apenas mediocridade e hipocrisia beócia se exposta como tal.